Vivemos de olhares em todos os lugares E a gentileza em nós nos faz heróis covardes Dois bichos desejam em jaulas diferentes Num cio infinito atrás de grades E a possibilidade De gozo e de floresce sem dar fruto E o luto sem saída na hora não-vivida É bem pior pro coração que a despedida. Entre a neblina ouvimos o som dos nossos sinos E ansiamos nos tocar: os olhos criam luzes. Cada encontro os teus olhos barcos pedem ao meu um cais. Nas noites estreladas com velas desfraldadas Vejo você se aproximar e os olhos brilham: Acendo a minha quilha, enfeito toda a ilha pra esse encontro imorredouro E no ancoradouro as flâmulas que aceno se cobrem de sereno: São lágrimas choradas em cada madrugada... Quem viu o amor renunciar ao desafio? Mas no final da viagem, na hora da abordagem, sinto você se desviar... Netuno sopra as luzes. Fim do encontro: os teus olhos barcos gritam adeus no mar dos meus.