Lembro quando eu te vi Alto do avião, cidade da ilusão Caberia um sonho clandestino? Tuas ruas complicadas foram o meu divã Em cada uma das manhãs E de tantos outros como eu aqui sozinhos O calor que transa a luz e faz a tarde azul rosada O talento bruto oculto, clubes mil das madrugadas E o som do alaíde me indicaram um norte, na ilha dos manauaras Vamos dançar na chuva celebrando o verão As tuas águas me tornam mais são Manaus, as tuas luzes são estrelas na escuridão O olho do homem na herança virgem da criação Banhado no sol que me lambe Como ao filho felino, vou pela constantino Descobrindo os grafites dos muros Lembrando que o tempo foi justo Quando aqui me jogou, como és parte do que eu sou Em minhas veias corre sangue de índio E vejo florescer de ti em plena selva industrial Gente tanta, gente foda como nunca vi igual Meu amor por ti tem o gosto de uma das frutas Que só brotam do teu quintal Vamos dançar na chuva, celebrando o verão As tuas águas me tornam mais são Cidade onde as luzes são estrelas na escuridão O olho do homem na herança virgem da crianção