Parte o navio dos cabeludos Condenados, preocupados Com o vento que é tão forte lá fora O leme é tão pesado dos delitos cometidos Distraídos, assumidos, esquecidos e embora Tantos infratores, renegados, malfeitores Marginais, incompetentes os tarados de agora A nau dos viciados da escoria dos drogados Não tem volta, não tem rota, não tem rumo nem hora Onde a traição e a anarquia é repetida, consumida e dividida pelo vis tripulantes. Quem será tragado e afogado pelo mar que ameaça exterminar a raça dos meliantes. Como morrerão os inocentes a cumprir pesadas penas pelas falhas dos ilustres juízes. Quem se ocupara de resgatar e no sétimo dia orar o breve réquiem dos infelizes Há minha pele para salvar no medo que eu tenho do mar e esse temor que me destrói São tantas milhas pra nadar Tantos pecados pra pecar Ninguém merece ser herói herói O comandante acorvadado é o primeiro a abandonar a sua nau nesse naufrágio iminente, salve rainha Credo em cruz o Santa Barbara olhai vossos filhos penitentes, os tubarões a espreitar e desejar o sangue, víscera, Miolos e a carne da gente. E os que não sabem nadar decerto irão se afogar Chamando os poucos sobreviventes. Quando a tormenta se acalmar nem é permitido contar quem foi bem aventurado. Presidiários e vilões, os degradados e ladrões que foram por Deus resgatados. Aqui se peca aqui se paga Se salva ou se naufraga na nata do sociedade E nessa hora se conhece ou se finge que se esquece o que chamamos todos dignidade Há minha pele para salvar no medo que eu tenho do mar e esse temor que me destrói São tantas milhas pra nadar Tantos pecados pra pecar Ninguém merece ser herói herói