Se as cores dessas penas porventura desconheces Da malária e das febres com certeza Nem padeces Quando os rios viram furos e os botos Se escondem Eu pergunto onde estavas? E teus sons Nem me respondem Minha língua é tão cabocla e minha pele é mais curtida Seu eu navego estirões e tu trafegas avenidas Lamparinas, alguidares, montarias e "gaiolas" Não recordam tua face nem aceitam tua esmola Meu estranho amigo, juro que te entendo Mas a minha tribo deixe que eu defendo Vou remando em meu remaço pois eu vivo dessas águas Inventando cantorias desta gente e dessas mágoas Mergulhando com peixes que nadam em água rasa E a madeira que eu mato está viva em minha casa Minha sina é minha saga nesse canto que é forte Tenho a voz desconhecida pra falar da própria sorte Te pergunto onde andavas quando o mundo me esquecia Se os palmos de minha cova são léguas de fantasia Meu estranho amigo... Essas matas se descobrem e eu me cubro dessas matas Sou um fruto desta terra por herança ou por desgraça Minha luta é por querência a tantas ribanceiras nuas E as marés que me alagam certamente não são tuas Meu estranho amigo...