Desse mundo pardo sou, menos na palma da mão Fino trato de mulato, clara a alma e o coração Se o negreiro me poupou, livrou dos canaviais Iansan quem te benzeu, perdido nos carnavais Pelourinho, nem me viu, o destino escondeu Como estrela eu Davi, um Miguel da cor do breu Troncos e barrancos vou, onde o sonho me levar Repartir limão e rum, quando a noite bocejar Fui ciclista e trovador, comunista e bedel Quando a perua bambeou o gim me levou pro céu Nada para admirar do tanto que me valeu Como a estrela de Davi, um Miguel da cor do breu Prosas que hei de contar, se os banzos esqueci Nas senzalas e porões, passei longe de Zumbi Diabetes e pressões, vem o meu corpo escravizar Oxalá, tocou-me então, e fez o samba acordar Ontem a vida lagrimou Hoje quem sorri sou eu Como estrela eu Davi Um Miguel da cor do breu