Alcymar Monteiro

Cadê minha Floresta

Alcymar Monteiro


Cadê minha floresta 
Herança dos meus avós
Lindos pés de Ingazeira
Rodeados de lençóis
Que corriam de mansinho
Hoje se acham sozinhos 
Perdidos nos arrebois

Cadê tanto tom de vozes
Nos partidos de algodão
Na apanha do café 
Na colheita do feijão
Adjuntos e trabalhadores
A voz dos aboiadores 
Do meu pedaço de  chão

Cadê a apartação 
As pegadas de boi no mato
Rancho de palha e sapê 
Do povo humilde e pacato
Eu mergulhei no passado

Revelo o que tenho sonhado
Na lembrança de um retrato

O povo se torna ingrato
De ver tanta rebeldia 
Onde havia sossego e paz
Esperança e alegria

Hoje a natureza chora
Nem há fauna, nem há flora
Não brotam como outro dia

Cadê as ervas macias
E as plantas medicinais
Minadouro cristalinos
Vertentes de minerais
O progresso involuído
Aos poucos tem destruído 
Coisa que não vejo mais

Hoje a saudade me traz
Um arquivo do passado
Um futuro duvidoso
Um presente apressado 
Tudo na vida que eu passo
Cada passo é mais um passo
Pra não dar mais passo errado