Cadê minha floresta Herança dos meus avós Lindos pés de Ingazeira Rodeados de lençóis Que corriam de mansinho Hoje se acham sozinhos Perdidos nos arrebois Cadê tanto tom de vozes Nos partidos de algodão Na apanha do café Na colheita do feijão Adjuntos e trabalhadores A voz dos aboiadores Do meu pedaço de chão Cadê a apartação As pegadas de boi no mato Rancho de palha e sapê Do povo humilde e pacato Eu mergulhei no passado Revelo o que tenho sonhado Na lembrança de um retrato O povo se torna ingrato De ver tanta rebeldia Onde havia sossego e paz Esperança e alegria Hoje a natureza chora Nem há fauna, nem há flora Não brotam como outro dia Cadê as ervas macias E as plantas medicinais Minadouro cristalinos Vertentes de minerais O progresso involuído Aos poucos tem destruído Coisa que não vejo mais Hoje a saudade me traz Um arquivo do passado Um futuro duvidoso Um presente apressado Tudo na vida que eu passo Cada passo é mais um passo Pra não dar mais passo errado