Quem me chamou Mangueira Chegou a hora, não dá mais pra segurar Quem me chamou, chamou pra sambar Não mexe comigo, eu sou a menina de Oyá Não mexe comigo, eu sou a menina de Oyá Raiou, senhora mãe da tempestade A sua força me invade, o vento sopra e anuncia Oyá... Entrego a ti a minha fé O abebé reluz axé Fiz um pedido pro Bonfim abençoar Oxalá, Xeu Êpa Babá! Oh! Minha Santa me proteja, me alumia Trago no peito o Rosário de Maria Sinto o perfume, mel, pitanga e dendê No embalo do xirê, começou a cantoria Vou no toque do tambor ô ô ô Deixo o samba me levar, saravá! É no dengo da baiana, meu sinhô Que a Mangueira vai passar Voa carcará! Leva meu dom ao Teatro Opinião Faz da minha voz um retrato desse chão Sonhei que nessa noite de magia Em cena, encarno toda poesia Sou abelha rainha, fera ferida, bordadeira da canção De pé descalço, puxo o verso e abro a roda Firmo na palma, no pandeiro e na viola Sou trapezista num céu de lona verde e rosa Que hoje brinca de viver a emoção Explode coração