Cantador, o teu canto de improviso É o mais nobre poder da criação O teu verso tem a força de Sansão É fatal, é perfeito e é preciso Cantador do inconsciente coletivo Canta a força do povo e o desengano E a esperança que brota todo ano Vai tecendo nos versos e nas loas Batucando a toada de Alagoas Nos dez pés de martelo alagoano Da cidade de Campina e do Monteiro De Passira Panelas e Ingazeira São José do Egito Capoeira É viola, é ganzá e é pandeiro Salve Dimas e Pinto do Monteiro Lourival trocadilho sobre-humano Vitorino o teu verso tem bom plano Oliveira Castanha e Beija-Flor E Mocinha de Passira é um condor Nos dez pés de martelo alagoano Cantador cem por cento brasileiro Tem no sangue a saudade lusitana O batuque das terras africanas Caetés teu guerreiro violento Cantador de alegrias e tormentos Tem os pés calejados dos ciganos É poeta perfeito e soberano Soberano é perfeito e é poeta Tem o arco o batuque e tem a flecha Nos dez pés de martelo alagoano