A minha cara é negra, negra Como negro é todo mundo A minha alma é negra, negra Como negro é todo o conjunto Minha lágrima é negra Como negra é tua presença O oposto da ausência Quando choro um oceano Negro, negro, negro Como negro é o azulão Que bebe do meu pranto Quando vais embora Levando teus olhos negros Deixando minha alma morta E cada dia um segredo Mas quando tu voltas Trazendo teus olhos negros A minha alma ainda chora Pois sou homem e tenho medo A minha alma é pobre É alma de quem sofre E alma de quem Espera alguém Que enquanto não vem Fica por aí chorando Escrevendo poemas no lenço Não sei por quanto tempo Ainda vou ficar chorando Matando o tempo Esperando morrer de banzo Quando vais embora A minha alma é índia E de um mulato mameluco A alma que chora sozinha Num canto, num quarto escuro Esse sertão é minha ilha Não bato mais fotografias Meu violão fica mudo Quando vais embora Negreiros Negreiros Negreiros Negreiros Negreiros Negreiros