Escorre dos pratos Parte da fome Que ficou E fome é o que mais sobra Nessa nossa história Nesse nosso andor E tenho fome de ver Amanhecer O que será novo O que terá gosto O que dará prazer Roupas no varal Entre o bem e o mal Do vento geral Que por aqui passou Lágrimas no curtume É nosso costume Ser escorredor No açude da cidade Velhas novidades Partem do sangrador Eu me lavei de água benta Da água barrenta Saliva de cantador Vou saciar a fome Sabiás de monte Verso embolador Fome entranhada No corpo da alma Verso lavrador E por mais que escorra Lágrima lagoa Nunca vai secar O que será canção O que será sertão O que não vai findar Nos lavados pratos Saudades riachos Pro amor nadar E o que será de vera O que será paixão É que nunca seca Nunca seca Nunca seca O gosto de sabão