Quis fazer desta tarde uma última vez, um relance do adeus Na verdade do que fere a ilusão, Quis coroar-te princesa do meu reinado em solidão, Minha breve abstração de um final feliz, Mas tu abriste os teus braços e, antes que eu interviesse, Inventaste um novo amor. Trouxe-te as palavras mais bonitas que guardei, Mas tu subverteste a minha intenção, Quis levar-te para ver o pôr-do-sol Na eternidade de um sonho fácil. No afã de buscar-te, acostumei-me a perder, a confabular Com a inércia do meu quarto ao fim da noite. Ao morrer da tarde os segundos negam a tua ausência, Minha leve decadência; teu último adeus. Tu singraste para longe; eu caí em hesitação E o "para sempre" o seu fim tomou, Eu tentei retroagir; tu reinventaste o tempo, Às lágrimas manchaste o meu desfazer.