Na mesma campa nasceram Duas roseiras a par Conforme o vento as movia Iam-se as rosas beijar Deu uma rosas vermelhas Desse vermelho que os sábios Dizem ser a cor dos lábios Onde o amor põe centelhas Da outra, gentis parelhas De rosas brancas vieram Só nisso diferentes eram Nada mais as diferençou A mesma seiva as criou Na mesma campa nasceram Dizem contos magoados Que aquele triste coval Fora leito nupcial De dois jovens namorados Que no amor contrariados Ali se foram finar E continuaram a amar Lá no além todavia E por isso ali havia Duas roseiras a par A lenda simples, singela Conta mais que as rosas brancas Eram as mãos puras, francas Da desditosa donzela E ao querer beijar as mãos dela Como na vida o fazia A boca dele se abria Em rosas de rubra cor E segredavam o amor Conforme o vento as movia Quando as crianças passavam Junto à linda sepultura Toda a gente afirma e jura Que as rosas brancas coravam E as vermelhas se fechavam Para ninguém lhes tocar Mas que alta noite, ao luar Entre um séquito de goivos Tal qual os lábios dos noivos Iam-se as rosas beijar Tal qual os lábios dos noivos Iam-se as rosas beijar