Eu sou gaúcho Destes criado a bruto Na minha sina de matuto Fui guri peão de estância Saltava cedo Com os campos brancos de geadas Saía pras campereadas Nunca tive a tal de infância Hoje eu vejo A gurizada nos rodeios Não conhecem tempo feio Da brava lida campeira Onde o taura Vê o chifre mais de perto E tem que tá sempre esperto Num aperte de mangueira Fui laçador De laçar a campo afora No tinido da espora Muito rastro eu já cortei De algum zebu Daqueles da cola fina Que o laço quase termina Numa armada de lei Agora ando Com a cabeça atormentada As paletas esgualepadas São heranças do passado Sem ter descanso Trabalhando pela vida Nas estâncias hoje esquecidas Sempre lidando com o gado Faço um pedido Para o pai onipotente Que ajude este vivente Encontrar o reino da glória Pois só assim Vou ter um pouco de sossego E adormecer nos pelegos Onde ficou minha história Fui laçador De laçar a campo afora No tinido da espora Muito rastro eu já cortei De algum zebu Daqueles da cola fina Que o laço quase termina Numa armada de lei