O falso brilho inebria e molesta a fronte Na irta saliva, veneno cospe fogo No olhar, moldes desnudos de palavras tristes A noite é longa, os berros ensurdecem Redemoinhos mentem sussurros frios Sob as pálpebras, lágrimas E logo vai amanhecer Eu esperei Por tanto tempo essa lágrima no olhar E nunca achei que eu fosse um dia Ái, nela me apegar Como se a flor que sempre espera a primavera Dessa vez não quisesse se abrir A Monalisa a sorrir Nem o palhaço a chorar À sombra da amoreira Que eu vivia a subir A mais alta e mais bela Apanharia só pra ti Prometi Cumpri o meu papel A que estivesse mais perto, mais perto lá do céu Foi quando o galho se partiu e eu caí Tá aqui, morena O primeiro galho a se partir me fez cair Engole o choro Pra não mostrar que você sente dor Homem não chora, escarra o amor E no chão ou só ouvia aquela voz interior Vestes tua roupa E o que me resta é apenas o teu perfume No travesseiro molhado Pela janela, o vento gélido arde meu peito lânguido Tigres famintos assistem o teatro das sombras E nos devoram com uma cegueira mortal Eu sei que em breve irás me procurar Vou pegar a cauda da noite Não me espere no portão azul Sempre no chão a gente ouve aquela voz interior Engole o choro que é pra não se expor Pra não mostrar pra ela sua dor Parece agora E ela dizia, ela dizia: chora Chora deixe a lágrima cair Chora, meu bem, pode chorar Baila morena. Baila! Baila comigo morena até lá em casa