E eu que sei tudo, nada sei, sem o seu colo / A sabedoria é vã E eu que sou rei, não tendo súditos nem solo / Sou de noite de manhã E eu que sou Deus, me desgarrei do universo Quase morri, sendo imortal Me fiz ateu, anjo caído do seu berço Me nino só no quintal E eu que sou puro, pintei quadros no inferno / Com as tintas que há no breu Construí muros e tornei-me um interno / Desse hospício que sou eu Eu sou um astro em colisão com meteoros Eu me devoro as entranhas com as mãos Se sou feliz eu não sei bem porque é que eu choro Eu sou um Ícaro com asas de bufão Eu sou um ser perfeito dentro do seu ventre Um exemplar do seu poder de criação Pois abra o mundo, pra que eu mais uma vez entre E tente ser de novo civilização