Adja Medeiros

Escapa-me

Adja Medeiros


Eu estava sentada sozinha,
Pedindo perdão,
Mendigando a palavra que você deveria dizer,
Esperando acabar toda a minha esperança,
Eu poderia estar melhor se tudo fosse diferente,
Mas o meu melhor não consegue seguir em frente
Se ao menos meus pés conseguissem se movimentar
Eu só não sei andar mais
Os paços se perderam

Quando procuramos muito,
E não temos todas as respostas,
É só pensar da forma mais simples,
No fim a vida toda é um plano falho
Tão soturna e sanguinária
A gente vive e morre logo no dia seguinte,
Entre pegadas inacabadas,
E o que fica por dentro,
Eu mesma não alcanço.

Quando os pensamentos te cortam no silêncio,
Quando teu corpo te acusa de medo,
Não insista,
São apenas minutos mais lentos,
Um sol que não te queima por dentro
Um frio que nada congela

Quando você mantém o olhar fixo por cima de meu ombro,
Eu esquivo o meu pra me proteger,
Meu corpo se prende,
Meu eu não se move.

Quando você segura areia na mão,
E ela cai pelos dedos,
Parece tão insegura,
Parece perdida,
E tudo escapa,
Nada sobra,
Eu não fico
Eu não existo mais.

O gelo que finge ser transparente,
Ele corta,
Machuca,
Seu coração não tem mais batidas
E fica frio sem vida,
É tão triste, é o fim,
Sem luz ,
Sem luz.
Enquanto a vida segue perdida,
Enquanto o amor desilude a minha ilusão,
Meu engano satisfaz seu ego,
Meu ego se desfaz tão patético

São todas as respostas,
Nada responde o que me falta,
E o que me sobra se nada tenho!
Não me surpreendo mais,
Como a areia que tento inutilmente segurar,
Escapa-me,
Escapa-me.