Se meus anjos morassem nas casas do céu, glória E toda a timidez se esconder no papel, rimas Emprestei os delírios de um poeta Descuidado, em minha porta aberta Fez o doce da voz perder o mel Se eu tivesse apenas vinte anos de idade, tempo E avistasse moinhos nas ruas da cidade, sonhos A bebida não me fizesse mal O Cervantes morasse em meu quintal E viesse explicar o que é saudade Espiei as estrela em frias manhãs E dobrei muitos sinos por causas tão vãs Pois as dores em bulas de morfina Mais as queixas que ouço nas esquinas São pecados, serpentes e maçãs Esses cabelos brancos que o tempo tingiu, vidas São passeios, passagens de alguém que dormiu, flores Esperando que a terra seja leve Que a agonia da morte seja breve Sem saber o porquê se permitiu Na ganância de ser um vivente comum, simples E pateticamente apenas mais um, tantos A quem só bastaria o poetar Data-vênia, se a alma quer cantar Sendo tantos bem sei, não fui nenhum Sendo tantos bem sei, não fui nenhum