Numa noite estacionei na frente de um restaurante Fiquei notando um instante os zeladores de carro Garotos pobres de rua que as vêzes nem tomam sopa Pés descalsos, toda roupa entumecidos de barro Alguns buscam benefício outros vivendo no vício Tambem aceitam cigarro Logo a frente uma mercedes estacionou lentamente Uma casal todo imponente desceu com gesto grã-fino Um senhor terceira idade bem trajado a toda prova Do lado uma moça nova vejam só como é o destino O magnata gritava com palavrões maltratava Esculhambando os meninos Xingava porque um deles queria cuidar da mercedes Subindo pelas paredes com as ofensas foi fundo Com certeza sua mãe nem sabe quem é seu pai Porisso é que o filho sai, este bicho vagabundo Casal bandido não pensa pois coloca sem licença Essas tranqueiras no mundo Chorando o menino disse me perdoe seu magnata A dor que mais me maltrata não é a da fome doutor É saber que neste mundo existe pessoa tão grossa Que não decifra uma fossa de uma noite de amor No meu país pelo meio infelizmente está cheio De gente como o senhor Minha mãe jovem bonita na flôr da sua mocidade Veio tentar na cidade o que não tinha no mato Se envolveu com um canalha perigoso marginal Bandido profissional vejo sempre seu retrato Ficou prenha do safado por ser um cara casado Teve que esconder o fato Esta mulher do seu lado elegante, jovem, bela Sei que não vive com ela porem é o seu rabicho Ela feriu minha mente mas não ficou cicatriz Onde vivo sou feliz ninguem me chama de bicho Hoje meu pai é um gari eu sou aquele guri Que o senhor jogou no lixo