O velho relógio do alto da estação Assinalava sua última batida Me levando no barco da agonia Pelo anúncio da nova partida Senti a fúria de uma força estranha Arrasar o meu coração aflito Era a voz de uma pobre criança Deixando a marca do seu último grito Com os olhos voltados para o relógio Fui deixando a velha estação Com uma amargura cheia de luz Tendo como abrigo a escuridão Rasguei a marca do desespero Daquela criatura carente da sorte E percebei que pra ela ser feliz O seu preço tinha que ser a morte Aquela cena no barco da agonia Era a criança da poltrona sete Em luto nos braços de sua mãezinha Partiria para uma outra vida Na poltrona oito um pai muito aflito Perdeu na noite a sua revolta E a sua voz o pranto embaçava Tangia o choro do filho morto