Sino na tarde, no ar fino e parado da tarde, sino, oh sino, meu irmão em saudades e agonia! Sino, oh sino, como me comoves ao vir à tarde, quando as janelas do sentimento se abrem para o mundo da reflexão e do mistério! Neste momento, o coração do crente se funde no silêncio das coisas para nascer de novo, qual gotas de orvalho que o anjo da noite deixara cair como pétalas de estrelas e os anjos da manhã, sob a bênção do sol, as colherão sorrindo. Quando o sol se fecha para chorar dentro da tarde e o infinito em nós se funde e se confunde, sinto que vem, num coro de mágoa e desespero, o gozo e o prazer de ter vivido, a dor imensa de viver ainda. Nesta hora em que tudo se recolhe ao inalterável seio do mistério, deixo que me tanges, oh velho sino, sobre a vastidão do meu mundo arruinado e vazio.