("Aquele pobre lixeiro de uma vila do interior Mandava seu dinheirinho ganho com sangue e suor Pra seu filho estudar e um dia ser doutor Depois de vinte e seis anos viu o seu sonho realizado Em São Paulo seu filho formou-se pra advogado Partiu o velhinho pra ver seu filho ser diplomado Na hora da formatura o velhinho apareceu O doutor vendo o seu pai fez que não o reconheceu Estas palavras do filho pro velho muito doeu - Vá embora, velho, vá embora Se o povo vê-lo assim cabeludo, mal vestido, vai ficar feio pra mim Chorando o velho saiu sabendo que era seu filho") Pela rua da cidade sem destino A chorar um pobre velho se perdeu Todas as portas se fecharam para ele Mendigando viu findar os dias seus E um dia num desastre na cidade O velhinho acabou de padecer Apanhado pelo trem o pobre velhinho Sobre os trilhos acabava de morrer No momento da agonia ainda disse Em um sorriso encobrindo a própria dor - Deixo a vida satisfeito porque pude Assistir o meu filho ser doutor Lutei tanto pra estudar este meu filho Minhas mãos cheias de calo é quem diz E se agora atrapalho a sua vida Quero a morte para ele ser feliz