Me vi num campo jogando com a camisa da seleção Acordei sangrando com os gambé gritando Cadê a arma ladrão? Vixi. Cê é louco jão é quente não basta a honestidade Onde condenam a caráter da sua cor sua classe Me sinto em fase terminal Com os meus próximo a extinção Tipo espécie animal vítima da humanação Entre o ser dotado de poder dando tiro E o nada tretando com as ratazanas por lixo Barraco, lodo, mofo, esgoto é o que sobrou pra nós Pra tentar fazer vida desassistido sem voz No farol mendigando um real Porque não quis vingar a desvalorização do trampo braçal A cidadania, a civilização é injusta Não te quer conhecedor tio mesmo sem formatura No êxito da agricultura alguém cortar a cana Caçar caulim na mina sem EPI de segurança Cuzão que não entende a essência do bagulho Me julga feito um Hitler influência meio mundo Diz que a esperança não tá morta, que nós é forçado Caraio! Que porra de mundo que cê vive, arrombado Nunca viu rato assado matando fome de quem Nasce, vive, morre sem registro sem nome Mais um personagem pobre na laje escondendo a cara Que no anúncio do pipa recepciona a viatura à bala Aciona as peça lá Que nóis tá no veneno Enquanto houver injustiça O bang é monstro memo Apologia ao crime É a forma que nóis vive, tio Quem nas antigas só via água pelo carro pipa Não teme a seca mundial prevista Já resistiu ao inferno desde o parto forçado em casa Com a mãe socando a própria barriga, drogada Não existe ninho, nan, quando o leite do peito não sai mais Agora é fazer besteira ou assinar abandono de incapaz Nada é pior que vender o rim do próprio corpo Pra garantir o alimento dos pivete novo Fugir da seca solitário na carona dos outros Morrer mendigo em São Paulo sem ver a família de novo Porque não teve a qualificação exigida pela empresa Ou porque ninguém quis te dar experiência Quando eu precisar de atendimento hospitalar Cês unem o útil ao agradável pro estagiário treinar Depois que me matar no Albert Einstein periférico Não vão errar nos boys remédio nem método Enquanto criam SUS pra atender meu filho Tratam câncer com cirurgia nos Estados Unidos Comprovam a ineficácia seus projetos ilusórios É só areia nos olhos pra ganhar votos Até a circulação hipertensa é conseqüência do lucro da empresa Que o nutriente dispensa pra baratear o produto Ontem cê pôs o pão de açúcar no guia pro turista Hoje no times eu ponho a pedrada metralhando policia Aciona as peça lá Que nóis tá no veneno Enquanto houver injustiça O bang é monstro memo Apologia ao crime É a forma que nóis vive, tio Não trata com arrogância que hoje o analfabeto não Veio trazer currículo, ver se tem vaga em aberto Muda atitude né cu, quando em vez de limpar o vidro Quero o Rolex do pulso vai dá a chave do Stylo Só tô cumprindo o ciclo natural da vida Ontem queria ser jogador hoje sou cria de quadrilha Seqüestro filho do diretor do presídio Em troca da libertação dos parceiros vivos Explodo a testa do oficial de justiça no portão Quando bater palma pra dar intimação Vê que seu rosto sangrando é mais humano Que dar comida com validade vencida pra filha chorando Pega os móveis, corre, foge, pega tudo que pode Antes que a água cubre a casa e o barranco nos sufoque E que meteorologia 95% de exatidão é só Pro comércio de cerveja no verão Onde crianças morrem de doença evitável Famílias vivem sem acesso a água potável Onde bupropiona, campanha anti-tabaco Não reduz consumo de cigarro com valor barato Esquecido, sem sinal divino, triste Diversificando calibre dos 38 aos rifles Mas quando atribuir violência à minha cara Lembra que quem representa a ONU também fabrica arma Aciona as peça lá Que nóis tá no veneno Enquanto houver injustiça O bang é monstro memo Apologia ao crime É a forma que nóis vive, tio