Toco em cordas de sentimentos Amarro o tempo num varal Faço infinito o meu momento Em terra de doce eu sou o sal Toco a canção da liberdade Pra quem tem medo de voar Pra quem me trai sou a maldade Buscando Deus pra conversar Sou carta perdida no meio do baralho Sou alho Eu sou a cantiga dum carro de boi Eu sou do tamanho de um dia de fome Meu nome Sou língua felina dizendo quem foi Sou brabo que nem um cachorro pé-duro No muro Sou galo-campina, chofreu, sabiá Sou arma, sou faca, sou bala, onde eu miro Eu atiro Sou medo no olho de quem vai matar Sou conta de luz perto do vencimento Sou tempo, sou vento, sou brisa, sou ar Sou carta perdida, sou carta marcada Sou mais um sortudo, sou jogo de azar Sou mito, sou grito, sou rito, sou forte Sou azar e sorte, eu sou qualquer um Sou velha cansada catando piolho Sou olho no olho Sou velha sorrindo achando mais um Sou planta crescendo quebrando a calçada Facada, latada, pé de jerimum Sou cada minuto da noite sem sono Sou pano rasgado cobrindo mais um Eu sou da saudade, o gosto do destino Traquino menino, trabalho, trator Eu sou a seresta, a viola e a feira a borda da beira Sou luz apagada de quem não pagou.